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Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG) e as Funções Psíquicas


Autores: Luciana Coelho Leite Sampaio José Demontier Guedes Maria Natália Pereira Landim Viviane Matias Paes Ivanildes da Silva Rocha Alexsandra Rodrigues Silva Silvoneide Rumão da Silva Santos Salhyohania Dias de Oliveira Sales
Publicado na Edição de: Maio de 2015 Categoria: Transtornos Psíquicos


Resumo:

O Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG) é basicamente uma preocupação ou ansiedade excessiva. Uma das maneiras de diferenciar a ansiedade generalizada da ansiedade normal é através do tempo de duração dos sintomas. O presente artigo tem como objetivo analisar o transtorno dessa ansiedade, compreendendo todo o processo e caracterizando como o mesmo é visto no contexto normal e patológico. Também promover estudo das funções psíquicas relacionando-as com o TAG, de modo que podemos destacar a consciência, atenção, orientação, senso-percepção, memória, pensamento e a afetividade. Desse modo, faz-se uma revisão do normal e patológico. Segundo Canguilhem para se chegar a um entendimento. Adotou-se uma pesquisa exploratória, precedida de pesquisas proveniente de textos de diversos autores, através de artigos, livros, revistas científicas e endereços eletrônicos, relacionados ao tema para elaboração de um banco de dados. Os textos de referência foram analisados, comparados e avaliados na íntegra, dentro do escopo do presente estudo. Os resultados obtidos proporcionaram um conhecimento prévio sobre o assunto, viabilizando questionamentos e aprendizado. Palavras-chave: Ansiedade, Funções psíquicas, Normal, Patológico. 1. Introdução A ansiedade é um sentimento desagradável, vago, indefinido, que na sua psicopatologia apresenta diferentes sensações, tais como: frio no estômago, aperto no peito, coração acelerado, etc. Essas reações são normais, naturais e necessárias para a autopreservação do indivíduo, esperada em determinadas situações. Conforme SIEGEL, 1990, a maioria das pessoas experimenta algum grau de conflito entre os desejos internos e as realidades externas. Porém, por vezes, estes desejos fazem parte de estados de espíritos bastante distintos, que permanecem fora da consciência de muitos indivíduos. Mesmo sem consciência, a mente pode experimentar o desequilíbrio emocional de tais conflitos como o começo da ansiedade. Com relação a sua normalidade, a ansiedade é uma reação normal, dita bio-adaptativa, ou seja, é uma resposta do corpo a algum tipo de estressor externo, por exemplo, diante de uma ameaça (um predador), o organismo deve reagir aumentando seu ritmo para que este possa se preparar para a fuga. O ritmo cardíaco aumenta, há contração de vasos periféricos para que se concentre sangue em áreas vitais, a respiração aumenta sua frequência. Portanto, todas estas reações são normais e preparam o indivíduo para enfrentar o estressor externo. É uma sensação difusa, desagradável de apreensão acompanhada por várias sensações físicas. Quando essas reações passam a ser em estado prolongado a ansiedade é patológica, que se caracteriza por sua duração e intensidade maior que o esperado para a situação. Nessa condição o Transtorno da Ansiedade Generalizada costuma ser considerada uma doença crônica, onde uma preocupação exagerada que abrange diversos eventos ou atividade da vida cotidiana vem acompanhado de sintomas como: irritabilidade, tensões musculares, perturbações, dentre outros, comprometendo o funcionamento da vida social e profissional, gerando grande sofrimento. A ansiedade se torna patológica em dois momentos: quando o corpo reage excessivamente a um estímulo, ou seja, quando a ansiedade é desproporcional ao estímulo e transforma uma reação adaptativa em reação desadaptativa, ou mesmo quando ela aparece relacionada a estímulos que normalmente não gerariam ansiedade. Outro momento é quando ocorre ansiedade na ausência de estímulo deflagrador. Os transtornos de ansiedade mais comuns são: Síndrome do pânico, fobias fobia social, agorafobia, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno de estresse pós-traumático e transtorno de ansiedade generalizada (SIEGEL, 1990).
A ansiedade patológica caracteriza-se pela intensidade prolongada à situação precipitante, tornando difícil o controle dos sintomas físicos causando prejuízo na atividade social, dificultando e impossibilitando a adaptação. Ao contrário da ansiedade normal, a patológica paralisa o indivíduo, trazendo prejuízos ao seu bem-estar. Ainda com relação ao normal e patológico, veremos a seguir algumas diferenças. A preocupação normal, não interfere nas atividades diárias e responsabilidades, mesmo que as preocupações sejam desagradáveis, não causam sofrimento significativo, fácil de ser controlada, limitada a um número específico de pequenas preocupações realistas, durabilidade de um curto período de tempo. Quanto à preocupação patológica, interfere significativamente no trabalho, atividades ou vida social, difícil de controlar, são perturbadoras e estressantes, preocupa-se com todo o tipo de coisa e tende a esperar o pior e estão presentes quase todos os dias, por pelo menos seis meses (DALGALARRONDO, 2008). Quando os sentimentos de ansiedade que são respostas humanas natural passam a serem pensamentos, causam um adoecimento, caracterizada posteriormente por diversos e multifacetados sinais e sintomas como: indisposição, inquietação, insônia, irritabilidades, dificuldade de concentração e alarmam-se com facilidade, esses se apresentam como sintomas psíquicos e como sintomas físicos podem-se destacar os tremores, taquicardia, sudorese de mãos e pés, tensão muscular, dores de cabeça, dentre outros (SILVA, 2011). Sendo assim faz-se necessário o estudo das funções psíquicas de forma isolada em suas alterações, esses fenômenos estão relacionados e interligados. Essa separação dá-se apenas didaticamente, pois o homem é um ser global, um universo complexo na totalidade das suas múltiplas funções, interagindo e interagido pelos estímulos internos e externos, como podemos compreender quando Paulo Dalgalarrondo, afirma que “não existem funções psíquicas isoladas e alterações psicopatológicas compartimentalizadas desta ou daquela função”, assim sendo, diz Dalgalarrondo “é sempre a pessoa na sua totalidade que adoece”. Quando a Psicopatologia estuda o homem, fundamentada no encontro dos seres, na interpretação de Dalgalarrondo, a significação ou o
sentido dos sinais e sintomas estão ligados aos contextos mentais onde eles surgem e como se manifestam, para, a partir daí proceder à indicação de perturbações nas funções e subjacentes transtornos, que atingiram a personalidade como um todo modificando a sua estrutura e o seu modo de existir. Sendo, portanto, necessário a significação dos fenômenos para que a descrição dos sintomas não seja considerada mecânica e sem nenhuma reflexão. De acordo com Dalgalarrondo, a demarcação de um campo dá-se todas as vezes que se volta para a realidade, e nesse campo delimita-se um foco, ou a parte mais nítida da consciência e a parte periférica, menos nítida. Existem alterações normais e alterações patológicas da consciência. O sono natural, por exemplo, que se caracteriza por um estado especial da consciência, que acontece de forma recorrente e cíclica nos organismos superiores, sendo um estado comportamental e uma fase fisiológica normal e necessária do organismo. Associado ao sono se tem o fenômeno psicológico, sonho que também é considerada uma alteração normal da consciência. Porém, as alterações da consciência se dão por processos fisiológicos normais, e por processos patológicos, essas alterações podem ser observadas em quadros neurológicos e psicológicos onde o nível de consciência diminui de forma contínua e gradual, indo do estado normal, vigil, desperto, até o estado de coma profundo, onde não se observa nenhum sinal de atividade consciente. Essa alteração patológica quantitativa da consciência pode ocorrer em diferentes graus, como uma obnubilação ou turvação da consciência, considerado de leve a moderado ou o sopor que já é um estado de maior turvação até o coma que o grau mais profundo de rebaixamento do nível da consciência. Ele também classifica síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento do nível de consciência, como o delirium. Síndrome confusicional aguda, onde o paciente apresenta-se confuso em relação ao pensamento e ao discurso. Nesses quadros ocorre um rebaixamento leve moderado do nível da consciência, acompanhado de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confusão, ilusão e/ou alucinações visuais.
Segundo William James 1952, atenção é o caminho que dar direcionamento a consciência, o estado de aglomeração, da ação mental sobre determinado objeto. Podemos discernir dois tipos básicos, voluntária e espontânea. Podendo a mesma possuir duas formas, externa e interna. Suas alterações são chamadas de hipoprosexia e hiperprosexia, sendo que as mesmas consistem em estados de atenção diferenciados, ou seja, opostos. Enquanto a primeira apresenta perda básica da capacidade de concentração à outra por sua vez, consiste em um estado de concentração exacerbada. De acordo com Dalgalarrondo, a atenção quase sempre está alterada nos transtornos mentais graves tais como: transtorno do humor, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), dentre outros. Dessa forma, a atenção associa-se ao transtorno de ansiedade generalizada de maneira a depender do direcionamento da consciência que esse indivíduo vai concentrar. Para Dalgalarrondo, orientação é capacidade de situar-se quanto a si mesmo e ao ambiente, requerendo a interação de vários processos, tais como: atenção, percepção, memória, pensamento, consciência, dentre outros. A orientação pode ser Autopsíquica, em relação a si mesmo e Alopsíquica, relacionada ao mundo, externo ao sujeito, podendo ser temporal, a qual indica se o paciente está situado no tempo. Esta exige um maior desenvolvimento do indivíduo, sendo mais facilmente prejudicada por transtornos da consciência. Nesse contexto cita-se também a orientação espacial, relacionada à percepção do espaço. Quanto às desorientações podem ser: por redução do nível de consciência, déficit de memória de fixação, apatia, delirante, oligofrênica, histeria, desagregação e desorientação quanto à própria idade. Diante dessas desorientações podem ocorrer diversos transtornos, dos destacamos alguns deles: confusão mental, alteração da atenção, concentração e da capacidade dos estímulos ambientais, dificuldade de fixar na memória as informações ambientais básicas, desorientação devido a uma marcante alteração do humor e da vontade, vivências delirantes, déficit intelectual por incapacidade ou dificuldade de reconhecer e interpretar normas sociais, fenômeno da
possessão histérica ou desdobramento da personalidade, dentre outros. Desse modo, quando relacionamos esses transtornos da desorientação ao transtorno da ansiedade generalizada, pode-se perceber uma relação em comum, a excessiva ansiedade do indivíduo, devido a sua hipervigilância, que é um estado de alerta e a perturbação do sono, o leva a uma constante irritabilidade, deixando-o esgotado, tanto fisicamente como psicologicamente, causando possíveis alterações na consciência e atenção, levando-o ficar desorientado. De certo modo, altera a noção do tempo, do espaço e possivelmente de si mesmo. Isso pode acontecer por conta do estado permanente de vigilância e ansiedade que leva o mesmo perder os parâmetros normais da realidade, tornando-o refém de um sentimento que insiste em dominá-lo. No que se refere à sensopercepção, existem alterações quantitativas que se configura a hiperestesia que no sentido psicopatológico é a condição na qual as percepções encontram-se anormalmente aumentadas em sua intensidade ou duração. Já a hipoestesia é observada em alguns pacientes com transtornos depressivos, que tem como consequência a percepção do mundo à sua volta como mais escuro, as cores tornam-se mais pálidas e sem brilho, os alimentos não têm mais sabor, e os odores perdem sua intensidade. A ilusão faz parte das alterações qualitativas da sensopercepção que são as mais importantes para a psicopatologia, se caracteriza pela percepção deformada, alterada, de um objeto real e presente. As alucinações também fazem parte dessas alterações, podendo ser auditivas, divididas em simples e complexas; cenestésicas ocorrem em alguns pacientes que apresentam sensações incomuns e claramente anormais em diferentes partes do corpo, como sentir o cérebro encolhendo ou o fígado despedaçando; cinestésicas são vivenciadas pelo paciente como sensações alteradas de movimentos do corpo, como sentir o corpo afundando, as pernas encolhendo ou um braço se elevando. Com relação à alucinose é o fenômeno pelo qual o paciente percebe tal alucinação como estranha à sua pessoa, embora veja a imagem ou ouça a voz ou o ruído, falta à crença que comumente o alucinado tem em sua alucinação.
Em quase todos os transtornos da ansiedade está presente a lembrança obsessiva que é uma alteração qualitativa da memória. É um sintoma mais comum na ansiedade (TAG) que surge com muita intensidade e a frequência. Destacamos aqui a memória cognitiva (psicológica), a qual afirma Dalgalarrondo que esta é uma atividade diferenciada do sistema nervoso, permitindo ao indivíduo fazer registros, conservações e evocações a qualquer momento quanto aos dados que são aprendidos através da experiência. Quanto às alterações quantitativas também podemos destacar as hiperminésias, que é uma aceleração geral do ritmo psíquico que influencia na memória. A amnésia, que há uma perda da capacidade de memorização e a mesma divide-se em anterógrada ou retrógrada. As alterações qualitativas destacam-se: ilusão mnêmica, que é um acréscimo de elementos falsos a um núcleo verdadeiro de memória, inclui coisas novas em um conto da história diante da percepção da própria pessoa sem se dar cota do fato. Também as alucinações mnêmicas que é a recordação de algo que nunca ocorreu. No processo ansioso surgem alterações relacionadas ao campo do afeto, porque a ansiedade gera sofrimentos intensos ligados aos fatos vindouros e angústia com relação a fatos passados, desta forma a labilidade e incontinência afetiva se comprometam ocasionando distúrbios do conteúdo dos afetos. O curso e a forma do pensamento serão muito afetados durante o transtorno de ansiedade generaliza, uma vez que para estruturar o pensar faz-se necessário relacionar todas as funções psíquicas, que certamente comprometem-se nesse transtorno, e assim passam a desempenhar funções alteradas na estruturação dos conceitos, juízos, raciocínio e conteúdos do pensamento, que surgirão de formas desintegradas ou mal condensadas pela presença constante de pensamento obsessivo. 2. Metodologia Para a elaboração desse trabalho adotou-se uma pesquisa exploratória, precedida de pesquisas proveniente de textos de diversos autores, através de artigos, livros, revistas científicas e
endereços eletrônicos, relacionados ao tema com as seguintes palavras-chave: (transtorno, ansiedade e funções psíquicas). Os resultados obtidos proporcionaram um conhecimento prévio sobre o assunto, viabilizando questionamentos e aprendizado. Para tanto, o ano base dessa pesquisa ocorreram num período entre 2000 e 2012 até os dias atuais, comparando informações entre os autores para efetuar a elaboração do presente trabalho. Diante disso, foi feito um estudo preliminar do principal objetivo da pesquisa. O desenvolvimento do tema consistiu na construção de um banco de dados sobre o Transtorno da Ansiedade Generalizada e as funções psíquicas, como o mesmo age e interfere na qualidade de vida das pessoas visando à obtenção de conhecimentos específicos sobre o assunto em questão. Outras obras e artigos são citados apenas quando relevantes ao tema em questão. Os textos de referência foram analisados, comparados e avaliados na íntegra, dentro do escopo do presente estudo. Portanto, o foco da análise se detém nas relações intrafamiliares e interpessoais, contextualizadas socioculturalmente. 3. Discussão Para que seja feito o diagnóstico da ansiedade generalizada é preciso que outros transtornos de ansiedade como o pânico e a fobia social tenham sido descartados. Faz-se necessário que a ansiedade excessiva dure por mais de seis meses, porque o fator determinante é o tempo de duração dos sintomas. Os fatores principais para a distinção entre ansiedade normal e ansiedade generalizada são: o nível de ansiedade e a justificativa para a mesma, sendo, pois, anormal se ela levar a consequências negativas. Pela multiplicidade dos sintomas é de extrema importância que o médico não faça o diagnóstico do TAG precipitadamente, mas um diagnóstico de exclusão, investigando se o quadro ansioso não é fruto de outras doenças que desencadeiam as mesmas sensações físicas e psíquicas do TAG. Para tanto, é necessário exames clínicos, porém dando maior importância a anamnese do paciente (DALGALARRONDO, 2008).
As opções terapêuticas para o tratamento da ansiedade é iniciado com utilização de benzodiazepínicos, principalmente o alprazolam, para o tratamento farmacológico. Sua notável segurança e eficácia estabelecida representam um avanço importante nesta área particularmente difícil da terapêutica. A buspirona, ansiolítico azaspirona, com demonstrada em vários estudos. Seu diferencial está na ausência de dependência física, adicção, síndrome de abstinência, abuso e interação com o álcool. Nos betabloqueadores, o uso de propranol, um agente betabloqueador periférico reduz os sintomas autônomos. Mesmo diante de tudo isso, o tratamento farmacológico isolado através dessas substâncias não é eficaz em todas as formas de ansiedade, porque age apenas na supressão dos sintomas, não atuando sobre a causa dos transtornos (DUGAS, 2004). O leque de possibilidades medicamentosas juntamente com o progresso ocorrido no campo da terapia psicológica de apoio foi significativo para a redução desse transtorno, pois a terapia cognitivo-comportamental (TCC) provou ser capaz de mudar os esquemas de pensamento que aprisiona essas pessoas aos seus próprios medos, além de alterar o seu comportamento (atitudes) diante dos fatores de ansiedade que desencadeiam. Para que essa terapia seja eficaz, será necessário estabelecer o diagnóstico e as possibilidades terapêuticas apropriadas (ANGELOTT, 2007). É possível melhorar muito a qualidade de vida das pessoas, pela sua satisfação após a conquista do bem-estar. No entanto é importante que o paciente priorize e procure uma terapia de manutenção, porque essa prática é muito eficaz na prevenção de recaídas. Algumas terapias alternativas também são orientadas para aliviar o sofrimento do paciente, entre essas se destacam atividades físicas, técnicas de relaxamento, lazer, leitura e outras. O enfrentamento das situações desagradáveis que provoca ansiedade ajuda a conviver de forma natural com os eventos. Dalgalarrondo, 2008 fala que os critérios de normalidade e de doença em psicopatologia são diversificados, a orientação filosófica ideológica, pragmática, aliadas aos critérios de subjetividade, frequência e intensidade conduzem a orientação para estabelecer o tratamento mais adequado para cada forma específica de ansiedade e para cada paciente.
Segundo Silva 2011, o desconforto dos transtornos de ansiedade são sentidos por todos os indivíduos em diferentes graus. As mulheres são duas vezes mais acometidas pela ansiedade generalizada do que os homens. A prevalência desse transtorno na população é relativamente alta, Em geral a prevalência é de aproximadamente 30% do sexo feminino comparado a 19% do sexo masculino, são muitos os fatores que podem contribuir para essas diferenças, como no período menstrual em que ocorrem muitas mudanças hormonais, vários estudos demonstra uma associação entre esse período com o aumento da vulnerabilidade aos sintomas da ansiedade, em que as mulheres experimentam uma piora desses sintomas, outro período de indefensibilidade é o pós-parto e também o da menopausa, podendo desempenhar papel importante na ocorrência deste transtorno. Outro fator é as múltiplas tarefas realizadas pelas mulheres nas quais ela precisa ser mãe, esposa, trabalhar fora e apesar das mudanças deste novo século com todas suas conquistas ainda enfrentam exigências maiores e salários menores. Com essas inúmeras pressões e descriminações ocasionando assim maior probabilidade de desenvolver quadro de ansiedade. A tese de doutorado de Canguilhem publicada em 1943 sobre normal e patológico tinha como objetivo básico criticar as influências do positivismo fundamentado por Comte através das ideias de Broussais, e entender como a medicina estabelece o conceito do normal e patológico. Na critica as ideias de Comte na qual ele não acreditava que a relação entre o normal e o patológico se dava através de variações quantitativas, que correspondia a ocorrências mais frequentes, sendo assim o normal e patológico não passaria de uma variação quantitativa, um fenômeno em que está presente, em excesso ou em falta. Tudo isso é muito contraditório, pois nem tudo que está presente em quantidade maior significa normal, um exemplo é que quase todas as pessoas têm cárie dentaria nem por isso podemos considerar normal ou mesmo características que são raras como mutações não podem ser consideradas doentias. Canguilhem considerou uma série de lacuna nesta proposta de Comte, a falta de critérios para reconhecer a normalidade de um
fenômeno. Concordava com Leriche nas quais as variações seriam de ordem qualitativa. Deu início as suas analises nas duas frases de Leriche: “A saúde e a vida no silêncio dos órgãos e a doença é aquilo que perturba os homens no exercício normal de sua vida e em suas ocupações e, sobretudo, aquilo que os faz sofrer.” O que Canguilhem define como normal é entendido como algo individual, subjetivo, se um sujeito vive no seu meio e se relaciona com os outros vive sua rotina diária e dentro de suas limitações consegue ser ativo e realiza suas tarefas, mesmo que para umas determinadas tarefas seja fácil, para outros mais difíceis, até mesmo a doença é considerada normal, faz parte da natureza humana, desde que o ser humano busque uma melhora e não se entregue as dificuldades, ou seja, luta, se estabelece, tem vigor e flexibilidade. Diante disso, o homem faz a sua dor e a sua doença, julgando se estas deixaram de ser normais ou se voltaram a sê-lo. Voltar a ser normal é retomar uma atividade interrompida, não ser inválido para ela, CANGUILHEM (1943). Também buscou sempre estabelecer uma distinção entre normalidade e saúde. Ele afirmou que a normalidade enquanto norma de vida é uma categoria mais ampla, que engloba a saúde e o patológico como distintas subcategorias, numa visão de conjunto. Nesse sentido, tanto a saúde quanto a doença são normais. 4. Considerações Finais Todos nós desde o nascimento temos medos e ansiedades, normal da natureza humana e necessária para sobrevivência da espécie. Temos essas reações quando detectamos alguma situação de perigo, o nosso organismo se prepara para luta ou fuga. Este medo e ansiedade estão presentes em todas as nossas ações, nos serve como proteção, sendo necessário e preciso. Como vimos o transtorno de ansiedade generalizada é caracterizada por estados permanentes de ansiedade e medo, sem identificar do que está com medo, vive em continuo estado de alerta e inquietude, é uma ansiedade crônica que leva a pessoa a se
preocupar com tudo ou qualquer coisa desnecessária, ou seja, uma ansiedade ou medo excessivo. Com relação ao que Canguilhem (1943) define a doença como um estado normal do ser humano. Assim, uma pessoa com transtorno de ansiedade generalizada que tivesse consciência do seu transtorno e procurasse uma ajuda profissional, seria considerada uma pessoa normal, se ocorresse o contrario, e não soubesse lidar com o transtorno, se entregasse, sem procurar ajuda profissional, seria um estado patológico. Até a década de 80, havia a crença de que os medos e preocupações durante as fases da vida eram transitórios e benignos. Reconhece-se hoje que podem constituir transtornos frequentes, causando sofrimento e disfunção ao indivíduo. A identificação precoce dos transtornos de ansiedade pode evitar repercussões negativas na vida do indivíduo, tais como o absenteísmo e a evasão escolar, no caso das crianças e adolescentes. O medo normal e a apreensão ansiosa são respostas emocionais do organismo diante do perigo. Portanto, ansiedade é um alerta do sistema biológico ao preparar o corpo para reagir, mental e fisicamente, às situações potencialmente ameaçadoras. Os sinais corporais (tremores, boca seca, etc.) surgem provocados pela percepção de objetos ou de sinais externos percebidos como perigosos ou internos. Podemos descrever a ansiedade produtiva (sadia) como sendo um estado de alerta e prontidão para agir adequada e produtivamente. Uma vez disparado o medo, o organismo, antes calmo, transforma-se num organismo animado e/ou agitado. O medo (ansiedade) leva o indivíduo a agir: atacar, fugir ou ficar “fingindo de morto”. Estas ações buscam aliviar o estado emocional desagradável provocado pelo medo. A resposta automática do organismo ao medo diminui ou desaparece quando a emoção termina: antes e depois de falar em público, aproximar-se da primeira namorada, primeira transa, esperar e/ou iniciar uma prova, concurso, disputa, etc. Geralmente, terminada a ação, terminam os sinais e sintomas da ansiedade. Portanto, pode-se concluir que a ansiedade patológica se manifesta da mesma forma como a ansiedade normal, ou seja, de
múltiplas maneiras, tanto fisicamente como mentalmente. Além de amplamente variáveis os sintomas mudam ao longo do tempo e oscilam permitindo que a pessoa se sinta completamente bem em algumas ocasiões e pior noutras. Nos períodos que os pacientes estão livres dos sintomas, o que pode durar de horas a dias, os pacientes acreditam que ficaram recuperados.


Referências: ANGELOTT, Gildo. Terapia Cognitivo-Comportamental. Editora e Gráfica LTDA. São Paulo, 2007. Pág. 53. COELHO, Maria Thereza Ávila Dantas; FILHO, Naomar de Almeida. Normal – Patológico, Saúde – Doença: Revisando Canguilhem. PHYSIS: Revista Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, 1999. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª ed. Porto Alegre. Artmed, 2008. DUGAS, Michel. Transtorno da Ansiedade Generalizada. 2004. Disponível em: http://www.psicosite.com.br JAMES William. The Principes of Pychology. London: Encyclopaedia Britannica, 1952. OTTAVIANO, Vinícius Sampaio. O Transtorno da Ansiedade Generalizada. Transtornos Psíquicos. Psicologado artigos. 2012. Disponível em: https://psicologado.com SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes ansiosas: medo e ansiedade além dos limites. Rio de Janeiro. Objetiva, 2011. SIEGEL, Daniel. A mente em descobrimento. Lisboa: Instituto Piaget, 1990. p. 398.
Fonte: https://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/transtorno-da-ansiedade-generalizada-tag-e-as-funcoes-psiquicas © Psicologado.com AUTORES: Luciana Coelho Leite Sampaio - Psicóloga. Especialista em Docência do Ensino Superior. Docente da Faculdade Leão Sampaio

José Demontier Guedes - Mestrando em docência da educação brasileira e cursando psicologia na Faculdade Leão Sampaio. Maria Natália Pereira Landim - Fazendo Graduação no Curso de Psicologia da Faculdade Leão Sampaio. Viviane Matias Paes - Fazendo Graduação no Curso de Psicologia da Faculdade Leão Sampaio. Ivanildes da Silva Rocha - Fazendo Graduação no Curso de Psicologia da Faculdade Leão Sampaio. Alexsandra Rodrigues Silva - Fazendo Graduação no Curso de Psicologia da Faculdade Leão Sampaio. Silvoneide Rumão da Silva Santos - Fazendo Graduação no Curso de Psicologia da Faculdade Leão Sampaio. Salhyohania Dias de Oliveira Sales - Fazendo Graduação no Curso de Psicologia da Faculdade Leão Sampaio.
Fonte: https://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/transtorno-da-ansiedade-generalizada-tag-e-as-funcoes-psiquicas © Psicologado.com









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